500 ANOS ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO
o cruzamento brasileiro do Histórico e do Sagrado no ano 2000
Um evento da Trópis Núcleo de Estudos
Sexta 21, sábado 22 e domingo 23 de Abril, das 11 às 13 h
A terceira semana de abril traz este ano uma notável “constelação” de datas religiosas de várias tradições: Lua Cheia pós-equinócio, Pêssakh judaico (passagem de um povo de uma terra a outra…), Paixão ou morte de Cristo, Páscoa ou ressurreição de Cristo, São Jorge (ligado ao arcanjo Micael), Ogun “o desbravador”… junto com datas históricas brasileiras: Tiradentes e, sobretudo, os 500 anos da chegada de Cabral… com suas velas trazendo a cruz.
O cristianismo chega ao 3.o milênio acusado de crimes contra a humanidade e a natureza. O Papa pede perdão. Adianta? Desses 500 anos, o que dizem os índios? Vemos o Brasil mergulhado em violência e corrupção – de alto a baixo uma sociedade sem padrões éticos claros. O que nos daria padrões? Uma religião? As muitas que temos?
O que queremos dos próximos 500 anos? E dos próximos 1000? Quem não parar para refletir não se queixe depois…
Aprofundando a linha do livro Três Raízes, Dez Mil Flores (1992), tentaremos compreender as questões brasileiras atuais pela dupla luz histórica e filosófica-espiritual, e na perspectiva mínima indispensável de 5 mil anos… Alguns marcos de nossa viagem:
Origens: coerência entre xamanismos, paganismos e o cristianismo primitivo. Morte: contaminações da Águia, do Leão e do Touro no projeto cristão: rejeição ao Feminino, expansionismo ariano, nossa frouxidão ética etc. Ressurreição: redescoberta do cósmico; os esforços mundiais de síntese, da Antroposofia à Umbanda. Filosofia e Teologia da Inclusão: o Universal na diversidade (cultural, racial, sexual, natural…). A palavra da vez: o Verbo na boca do Índio.
DOR E TRANSFORMAÇÃO NA MÚSICA DE BACH
a Paixão segundo São Mateus e o Oratório da Páscoa como “autos de mistério”
Um evento da OCA – Oficina de Conhecimento & Artes
Sexta 21 às 14:30 – Domingo 23 às 9 h
Em 1729 o compositor alemão J. S. Bach pôs a história da morte de Cristo em 2:30 h de música, consideradas hoje um dos maiores monumentos da arte mundial.
Para lá da mera apreciação estética, é uma música paradoxal: é inegável que se constrói em cima de um culto da dor e da culpa, verdadeiramente doentio, que o cristianismo histórico cultivou.
Por outro lado, atinge níveis de beleza que, dizem alguns, flutuam longe acima da divisão ordinária entre alegria e dor – um estado que somente os místicos parecem compreender…
Entendemos que nessa música o compositor efetivamente compartilha conosco um caminho de vivência mística – isto é, de comunicação em sentimentos com realidades espirituais.
No 1.º encontro destacaremos trechos e aspectos notáveis da Paixão segundo São Mateus. Não há necessidade de conhecimento prévio da obra, nem de conhecimentos técnicos de música.
No 2.º encontro complementaremos a vivência com o Oratório da Páscoa, uma obra considerada menor, na qual Bach mostra, porém, sua capacidade de estabelecer climas de plenitude e exultação.
Estaremos vendo no outro curso, afinal, que a grande tragédia do cristianismo foi ter dado mais importância à morte que à ressurreição – e é com uma afirmação de vida e energia que devemos concluir.
Local: Espaço Trópis
R. Francisco Xavier de Abreu 318 (próx. ao Terminal João Dias), São Paulo
Informações: Fone/fax 5851-1158 – E-mail tropis@tropis.org
Contribuição: R$ 40 (curso “500 Anos”) e R$ 30 (Bach)
– destinados 100% aos trabalhos sociais da Trópis (ver adiante)
Não deixe de participar por motivos econômicos: converse conosco.
O palestrante:
Ralf Rickli, coordenador da Trópis, é escritor e educador.
Iniciou a vida profissional como professor de música, nos anos 70, enquanto estudava na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Interessado nas buscas de alternativas da época, estudou Agricultura Biodinâmica, Desenvolvimento Rural e a proposta de Ciência Espiritual de Rudolf Steiner no Emerson College (Inglaterra) e no Institut Annener Berg (Alemanha). Desenvolveu paralelamente estudos em diversos campos das Humanidades, da História e Lingüística a diferentes linhas dos conhecimentos “ocultos” ou tradicionais. Atualmente conclui o curso de Pedagogia na USP.
Tendo a busca de caminhos de viabilização do Brasil como interesse central, desde 1992 vem desenvolvendo o conceito da Educação Convivial, bem como o da Filosofia e Teologia da Inclusão – ao mesmo tempo em que dedica as forças prioritariamente à educação geral dos jovens “periferizados”.
Publicações incluem artigos, poesia e ensaios diversos, bem como Três Raízes, Dez Mil Flores (ensaios sobre a identidade brasileira e das Américas) e O dia em que Túlio descobriu a África (história das civilizações africanas para jovens), ambos esgotados no momento.
A proposta da Trópis Núcleo de Estudos:
Trópis é a palavra grega para quilha, a peça que abre caminho na água e que atravessa o barco como linha de equilíbrio nas oscilações para um lado e para outro; figuradamente, em grego, é “ponto de partida”, “fundamento”.
Liga-se a trópos (direção), tropé (volta, evolução, alternativa) e a tropicós (“turning point”). Como todos sabem, hoje se diz “trópicos” para a faixa da Terra mais diretamente voltada para o Sol, o que leva a um regime particular de economia energética que confere características próprias a sua natureza e suas culturas humanas.
Por ocasião da sua escolha, em 1992, o nome Trópis foi associado à “pesquisa de caminhos tropicais de conhecimento e prática”. Outras definições da época permanecem válidas, p.ex.:
“A Trópis visa contribuir na busca de caminhos apropriados a nossa época e lugar, buscando sempre reconhecer as duas faces de cada moeda: reflexão e vida prática; saber tradicional e científico, etc.”
“De um lado, criticamos fortemente a tradição ‘cristã ocidental’ e nos abrimos receptivamente ao saber das diferentes culturas e religiões do mundo; ao mesmo tempo porém confessamos o ideal de redescobrir a essência do Crístico, sua dimensão cósmica de significação universal.”
O símbolo que acompanha o nome é um ideograma do povo Akan, da África Ocidental. Chama-se Gye Nyame e significa aproximadamente “a Divindade é onipotente e imortal”. Caracteriza-se pela mesma simetria invertida do yin-yang oriental (oscilação rítmica em que o fim de um processo é início do complementar: imortalidade), mostrada aqui em torno de um eixo de equilíbrio (trópis!), terceiro princípio que mantém a unidade.
Trópis Núcleo de Estudos não é propriamente um grupo: é uma atividade – de procurar rumos, e propô-los.
A Trópis iniciativas socio-culturais e a Associação Trópis:
O impulso da Trópis tomou forma prática sobretudo em trabalhos sociais e culturais com jovens da periferia, a começar pela OCA – Oficina de Conhecimento & Artes, em atividade desde 1993. Foram criados pelos próprios jovens o Grupo Submundo de Teatro, a banda Provisório Permanente e o Raizen Group (desenho). Vários desses jovens têm tido atuação de destaque em encontros nacionais e na mídia (p.ex., vinhetas sobre cidadania na MTV).
Temos em estudo e negociações novos projetos de caráter profissionalizante (p.ex. Comunicação Comunitária, Marketing em Seguros etc.) e estamos nos preparando para oferecer à FEBEM serviços de Liberdade Assistida (medidas sócio-educativas em meio aberto).
Ao conjunto de grupos e atividades chamamos Trópis iniciativas sócio-culturais, cuja missão é “lutar pela renovação educacional, cultural e ética da sociedade brasileira e combater o desperdício de talentos praticado por essa sociedade.”
Responsável pela captação e distribuição de recursos e pela articulação dos grupos é a Associação Trópis para o Desenvolvimento Cultural e Social, registrada com o cnpj 03.059.027/0001-48 e conta corrente 1591-1 na agência 2841-0 do Bradesco.
Entre em contato conosco para saber mais – e colaborar: tropis@tropis.org