O QUE É A TRÓPIS

À primeira vista, a TRÓPIS é apenas um ponto de encontro e um espaço educativo alternativo para jovens, com mais cara de casa que de escola, na Periferia Sul da cidade de São Paulo (Brasil). 

Mas nós vemos a Trópis como mais que isso: dizemos que é “uma usina de idéias e um laboratório de práticas” voltados para a renovação ética e cultural da sociedade – a brasileira e a humana em geral.

Seu início foi em 1993, com as aulas e oficinas informais oferecidas pelo escritor e educador Ralf Rickli, em sua própria casa, a jovens que se defrontam com dificuldades econômicas na sua busca por desenvolvimento.

Sabendo que a necessidade é muito maior do que podemos dar conta sozinhos, centramos nossos esforços justamente em jovens com predisposição para se tornarem também eles agentes de evolução social, e multiplicadores da nossa abordagem. Hoje a maior parte das atividades da Trópis é conduzida pelos primeiros jovens que passaram por ela, os quais atendem de novos jovens, que brotam sem parar das mesmas condições sociais.  

Em 1998 foi oficializada a ATDCS – Associação Trópis para o Desenvolvimento Cultural e Social – para fins de captação de recursos, relações públicas e coordenação geral das iniciativas consideravelmente autônomas que se reuniram sob o nome Trópis.

Em  meados de 2002 as atividades envolvem diretamente 60 jovens sentenciados a Liberdade Assistida (nos termos do ECA), um Cyber Café (sala de Internet) com perto de 200 visitas por semana, mais cerca de 30 jovens envolvidos em atividades diversas, e uma sobrecarregadíssima equipe de 18 pessoas (que enfrenta de aulas a limpeza, de relatórios a cozinha, de planejamento a carregar caixas). Na verdade poderíamos estar fazendo muito mais, neste mesmo momento, se houvesse mais recursos à disposição! 

Embora ainda não possamos falar de um impacto quantitativo, podemos seguramente dizer que a Trópis já firmou sua marca no Terceiro Setor de São Paulo mediante seus conceitos e práticas inovadores. Vemos nossa ação como eminentemente qualitativa, isso no entanto como primeiro passo estratégico na direção de objetivos quantitativamente mais significativos – os quais, porém, devem ser alcançados de preferência de um modo “socialmente ecológico”, ou seja: mais pela multiplicação que pelo crescimento isolado da entidade. 

ALGO DA FILOSOFIA E DO MODO DE AÇÃO 

OBJETIVOS GLOBAIS

Trópis em grego é QUILHA, e figuradamente RUMO, DIREÇÃO. Tem relação etimológica com tropikós, que significa “virada”, “turning point” – além de se referir aos Trópicos, esta faixa da Terra onde ainda precisamos aprender a forma mais adequada de viver.

Portanto, antes ainda de ser “um centro para jovens”, a Trópis é essa “usina de idéias e laboratório de práticas” objetivando…

… o reconhecimento da dignidade de todos os seres (todos os humanos, mas não só: também a água, solo, animais, regiões, a Terra inteira etc.), bem como…

… o convívio pacífico dos diferentes em todos os quatro grandes níveis: 

• social-cultural (seres humanos com seres humanos); • psicológico (as diferentes idéias, forças e estruturas interiores no ser humano); • ecológico (seres humanos com a natureza terrestre – o plano do mágico, em termos tradicionais); • cosmológico (seres humanos e o Universo e seus sentidos – em termos tradicionais, o plano do teológico).

Não foi por capricho arbitrário que escolhemos esse campo: acontece que qualquer outro objetivo social só poderá ser realizado de fato se primeiro – e pela primeira vez – aprendermos a conviver com os diferentes sem atitudes de opressão nem de supressão (= exclusão). Trata-se, portanto, de investir no alicerce indispensável para todo e qualquer desenvolvimento social

E percebemos que a chave para isso são os jovens – entre outras razões, porque…
• eles já são capazes de entendê-lo conscientemente, e ainda não estão tão enrijecidos em velhos padrões de comportamento adquirido;

• sentem-se perdidos e estão em perigo real toda vez que não têm consigo um ideal que lhes sirva de estrela-guia durante os difíceis anos de transição da infância para a idade adulta. (Em que pese a impropriedade da palavra “ideologia”, precisamos compreender o clamor expresso por Cazuza: “ideologia, eu quero uma pra viver!” Não encontrando ideais legítimos, os jovens serão inevitavelmente presa de pseudo-ideais);
• educar jovens é educar crianças ainda antes da sua concepção: jovens estão a um passo de se tornarem pais e mães – e é inacreditável o mal causado usualmente às crianças já a partir da concepção e em seus primeiros anos, antes de estarem ao alcance da maioria dos programas de educação ou ajuda.

No entanto, meros ideais definidos intelectualmente não têm o poder de envolver os jovens e colocá-los em movimento. Para isso é indispensável:
• fazer coisas juntos – coisas práticas, da vida real, não projetos escolares artificiais;
• que vivenciem entusiasmo (palavra que em grego significa “ter um Deus dentro de si”) – ou, em outras palavras, que possam se sentir encantados. E nossa experiência prova que jovens como esses com que trabalhamos podem se sentir não apenas entusiasmados com esportes, como usualmente se pensa, mas também realmente encantados diante do verdadeiro conhecimento – o que as escolas comuns definitivamente não estão lhes fornecendo hoje.

Apesar disso, já que as normas oficiais exigem a presença física dos jovens nas escolas (mesmo quando lá nem há professores para ensinar-lhes!) nosso trabalho tem que permanecer, pelo menos por enquanto, como um complemento à educação formal – mesmo se tais jovens ficam brutalmente sobrecarregados com a necessidade de trabalhar pela sobrevivência ou auxílio familiar, mais as suas “duas escolas”. Infelizmente não parece haver solução simples ou de curto prazo.

Quanto ao ensino profissionalizante, é claro que só podemos ser a favor – desde que não venha como primeiro passo, mas depois de (ou pelo menos junto com) uma estruturação humana básica como a que propomos. De outro modo terminará não ajudando de fato nem aos indivíduos, nem à sociedade.

Enfim: costumamos dizer que lutamos pela renovação educacional, cultural e ética – e tentamos combater o terrível desperdício de talentos usual na sociedade brasileira.

Chamamos nossa abordagem de Educação Convivial – uma Educação para o melhor convívio e mediante o convívio aparentemente informal, o que se mostra capaz de superar a enorme resistência que os jovens desenvolveram, ao longo de séculos, frente ao modelo escolar de educação (o qual, por sua vez, vem resistindo duramente à maioria das tentativas de renová-lo, por se haver tornado propriedade do poder autônomo e auto-perpetuante chamado Burocracia).

Um pouco mais sobre a Educação Convivial em outros artigos de nossa Biblioteca.

AÇÃO ESPECÍFICA

Nossa atividade se dirige a jovens de 13 a 21 anos, sobretudo (embora não exclusivamente) os economicamente prejudicados, dos bairros e favelas próximos à séde da Trópis.
Seus objetivos centrais são: 

  • contribuir para o seu desenvolvimento humano integral (ético, profissional, cultural etc.);
  • ajudá-los a encontrar caminhos de profissionalização que não os impeçam de explorar e desenvolver a plena extensão de seus potenciais;
  • cultivar a esperança, a auto-estima e o encantamento diante da vida, como o recurso mais poderoso, se não o único efetivo, na prevenção do envolvimento com drogas e violência.

O trabalho se dá na forma de atividades, oficinas, aulas, apoio aos projetos individuais ou grupais dos próprios jovens, acesso a biblioteca, computadores e outros recursos – e sobretudo na forma de um convívio mais ou menos informal, que na realidade contém uma atenção educativa e terapêutica altamente personalizada.

Neste momento (2002) estamos tentando iniciar um segundo centro em uma cidade menor no litoral – uma espécie de última gota de São Paulo na fronteira da maior reserva de Mata Atlântica do Sudeste brasileiro. Essa Trópis Litoral deve propiciar…

  • o enriquecimento das possibilidades culturais da juventude local;
  • um espaço para jovens de São Paulo vivenciarem a experiência da natureza (muitos deles nunca tiveram essa experiência!);
  • um espaço de desenvolvimento profissional com vistas à multiplicação da nossa abordagem.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE A EDUCAÇÃO E O 3.o SETOR

Se é justo que uma pessoa pague sozinha por um pedaço de pão que comerá sozinha, o mesmo não pode se aplicar à Educação, pois é a sociedade inteira que se beneficia, por muitos anos, da Educação que uma pessoa recebe. (A prova disso é que mais e mais o indivíduo é obrigado a educar-se, queira ou não queira, e a sociedade jamais faria isso se o benefício não fosse dela).

Se somente as classes mais favorecidas puderem garantir uma boa Educação a suas crianças, a sociedade como um todo naufragará em violência e ineficiência; a única saída disso é que a sociedade inteira invista em uma Educação de qualidade para todos os seus filhos.

Isso precisa ser encarado com urgência e com eficiência. O Terceiro Setor parece ser o agente mais direto e adequado para isso, pois evita que tanto recursos quanto as decisões se percam nos canais burocráticos.

É preciso, porém, tomar cuidado com a burocratização do Terceiro Setor, ou com sua profissionalização mal entendida, com perda do seu conteúdo propriamente humano, o que pode fazer dele uma espécie de Novo Estado, não isento dos vícios do velho.

O QUE ESTAMOS FAZENDO AGORA 

EM FUNCIONAMENTO 

  • OCAs – Oficinas de Conhecimento & Artes (OCA também é “casa” em tupi)
  • Liberdade Assistida para 60 jovens sentenciados (em parceria);
  • Espaço Jovem” com acesso à Internet ligeiramente direcionado, visitado por 150 a 200 jovens por semana nos primeiros dois meses; 
  • tropis.org – domínio na Internet e oficina de web design;
  • Biblioteca e Fonoteca – precisando de apoio para reinstalação!
  • Ateliê Artístico-Terapêutico;
  • Counseling, informal ou médico e psicológico, conforme o caso;
  • Grupo Submundo de Teatro;
  • Provisorio Permanente (banda musical – MPB “aberta”);
  • “República Tropis” – moradia para membros da Equipe e para alguns jovens com necessidades específicas;
  • Trópis núcleo de estudos – estudo regular dos princípios e métodos do trabalho com a Equipe; cursos e palestras externos; produção de materiais escritos etc.; 
  • oportunidades de participação de jovens em cursos, encontros, eventos, em nível local e nacional;
  • Campanha O Reencantamento do Mundo. 

PLANEJADO, OU NOS PRIMEIROS PASSOS

  • Oficinas de produção (p.ex. camisetas, livretos, alimentos) para geração de renda (tanto para jovens quanto para a instituição); possível reabertura da Editora (já registrada) desde que com apoio específico.
  • Trópis Litoral – núcleo em uma cidade menor, destinado tanto a jovens locais quanto a de São Paulo; futuro espaço de recuperação de forças e de estudo para a Equipe, e de seminários para a multiplicação da abordagem. 

ALGUNS PARCEIROS ATUAIS

  • Aliança pela Infância
  • AABB – Associação Atlética Banco do Brasil
  • ABT – Associação Beneficente Tobias
  • ACOMA – Associação Comunitária Monte Azul
  • Associação Sarambeque
  • COMUNITAS / Rede Jovem
  • FEBEM (em parceria com ACOMA)
  • Instituto Sou da Paz

O QUE PRECISAMOS PARA FAZÊ-LO MELHOR 

Nos primeiros anos “pessoas sérias” não quiseram ao menos parar e olhar para nosso trabalho; somente os próprios jovens acreditavam e dedicavam seus esforços. Toda a estrutura fudamental foi construída, assim, com o sacrifício financeiro de apenas duas pessoas de classe média, que não hesitaram em vender o que tinham e em compartilhar alojamento precário, e mesmo fome, para pôr a proposta de pé e torná-la visível.

Hoje podemos dizer que a Trópis tem um nome e é respeitada… mas tudo o que fazemos ainda é sub-dimensionado, pois ainda mal e mal cobrimos os custos. Precisamos de mais dinheiro simplesmente para trabalhar – inclusive, e principalmente, se queremos construir algum tipo de auto-sustentabilidade – pois isso exige tempo muito trabalho.

Temos numerosos projetos precisando de apoio (implantação de oficinas de produção; Biblioteca; nova peça teatral; aquisição da casa atual; construção no litoral etc. etc).

Se você tem como nos oferecer qualquer tipo de apoio (para projetos mencionados aqui ou não), fale conosco (veja os canais logo abaixo).

Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos pensantes e comprometidos possa mudar o mundo; na verdade, a única coisa que já mudou o mundo foi isso. (Margaret Mead, antropóloga americana).

Never doubt that a small group of thoughtful, committed citizens can change
the world; indeed, it’s the only thing that ever has. 

Endereço & Dados 

E-mail geral e telefone em São Paulo:

  • tropis@tropis.org     •     fone +11 5851-1158

Para comunicação em inglês, alemão, espanhol e francês,
ou sobre a Trópis Litoral, fale de preferência com o Coordenador Geral:

  • rr@tropis.org     •     +13 3453-1476   (Ralf Rickli)

Endereço postal:

  • Caixa Postal 60.690  – São Paulo SP – Brasil – 05804-970

Endereço físico em São Paulo (visitaEXCLUSIVAMENTE com agendamento prévio!)

  • Rua Francisco Xavier de Abreu 427 – Jardim Monte Azul

Contas bancárias:

  • BRADESCO: ag. 2841-0  –  cc. 1591-1
  • Banco Real ag. 0961  –  cc. 0.003214-8

Razão Social e CNPJ

ATDCS – Associação Trópis para o Desenvolvimento Cultural e Social
CNPJ 03.059.027/0001-48

Responsáveis atuais: 

DIRETORIA ATDCS

  • Selma Saraiva
  • Dr. Geraldo Gilberto Procópio do Castro Valle
  • Francisca Marisa de Sousa

EQUIPE CENTRAL

  • Ralf Rickli (coordenador geral e pedagógico)
  • Gil Marçal
  • Gunnar Vargas
  • Lando Alves
  • Free Nuspl
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